quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Como aumentar a venda de automóveis, melhorar o trânsito, salvar o planeta e deixar todo mundo contente?


    O governo ainda não definiu as regras, mas esta bolando um plano para aumentar o imposto sobre veículos importados e ao mesmo tempo diminuir o imposto de fabricantes que gerem emprego no país.
    A lógica do governo tem sido muito simplista: Aumenta o IPI dos carros em que a nacionalização é inferior a 65%, e, diminui o IPI para aqueles que são soldados, pintados e montados, com mais de 65% de componente nacional. Simples assim.
    Mas, o governo na verdade está é perdendo uma grande chance. Chance de resolver o problema ambiental da poluição, resolver o problema de veículos inseguros nas estradas, resolver o problema de veículos com documentação irregular e, de quebra, aumentar oportunidades de empregos e de negócios. Na brincadeira dá até mesmo para reduzir roubo/furto de automóveis!
    Parece muito QUATORZE-ZERO-MEIA pra você?
   Acompanhe o raciocínio:

PLANO DE RENOVAÇÃO DA FROTA BRASILEIRA

   - Cada veiculo com mais de 10 anos entregue a centros de reciclagem (olha a oportunidade de negócios e empregos) teria isenção de impostos nos mesmos moldes que temos hoje para PPD e taxistas (IPI, ICMS, COFINS, etc). Poderia ainda haver desconto no IPVA desses veículos, isenção de IOF em caso de financiamento e até mesmo taxas especiais.
   Com isso, aqueles calhambeques velhos, que valem pouca coisa, mas causam são um estorvo aos cidadãos de bem, pagadores de impostos, tendem a serem os primeiros a serem trocados nesse plano.
   - Para ter direito ao beneficio, o veiculo novo a ser comprado deve ter aqueles índices mínimos de nacionalização (65%) e, aproveitando o pacote, já devem ser equipados com ABS e AirBags.
   - Limitar o valor de tabela do veiculo novo a participar do programa a R$ 40.000,00 (isso Vai levar os fabricantes a brigarem para oferecerem produtos competitivos nos famosos R$39.990,00)

   Os benefícios diretos de um programa ao arrancar os carros velhos da rua seriam:
   - menor risco de acidente por conta de falha mecânica (imagina aquele Fuscão, sem farol, sem lanterna, pneu careca e amortecedor remendado, com circuito de freio isolado o que pode causar)
   - menor transtorno ao transito das grandes cidades (um veiculo parado na Marginal Pinheiros no horário do rush é responsável por até 5km de congestionamento!!!)
   Os beneficios de mandar os carros velhos para a reciclagem:
   - disposição correta daquilo que um dia ia ficar por ai;
   - reaproveitamento dos materiais (diminui a necessidade de extração de matéria prima e abaixa o preço das matérias primas);
   - geração de emprego e negócios;
  - peças podem ser reaproveitadas (exceto aquelas estruturais ou de componentes de segurança - amortecedores, pastilhas de freio, etc).- isso pode resultar na redução de furtos/roubos que levam diversos carros para desmanches ilegais.
   Os benefícios de trocar o velho por novo:
   - menor poluição atmosférica (qualquer carro novo polui um trocilhão de vezes menos que os carros com mais de 10 anos.)
   - melhor segurança (por mais que nossos carros sejam carroças, a 10 anos atrás, eram mais carroças, e, com o passar dos anos, os componentes foram se desgastando e certamente estarão em condições piores do que de um carro 0km. Alem do que, exigindo ABS e Airbag para os carros do plano, já é um grande salto em segurança)
   - geração de emprego direto e indireto (nas fabricas, nas fabricantes de auto-peças e toda a cadeia de produção/distribuição)

    Bom, mas, muita gente vai me dizer que o cara que tem um Fusca 74 náo teria condição de, mesmo com um belo incentivo, comprar um carro 0km. Nesse caso, a criatividade do brasileiro ia chegar rapidamente a conclusão, vamos analisar com um caso hipotético:
Individuo 1 – possui um Fusca 74 que vale R$4000,00
Individuo 2 – possui um Corsa 2000 que vale R$11500,00
Carro 0km com abs e airbags = R$30.000,00
   Supondo que a isenção de imposto seja equivalente a 35% do valor de tabela, assim a isenção seria de R$10500,00.
   Para o individuo 2, que quer comprar um 0km, não valeria a pena entrar no programa diretamente.
   Para o individuo 1, que quer trocar o Fusca por um carro mais novo, ainda fica muito longe para pegar um 0km.
   Bom, se vc juntar os 2 individuos eles podem entrar num acordo tipo: o individuo 1 paga R$ 4000,00 e entrega o Fusca em troca pelo Corsa. O individuo 2 entáo entrega o Fusca para ter a isenção na compra do 0km.
   No final das contas, é como se o individuo 1 tivesse pago apenas 8mil no Corsa 2000, e o individuo 2 teve a isenção de 10500, mais desconto no IPVA, financiamento com taxas mais interessantes e ainda mais R$4000,00 para dar de entrada.
   Ou seja, para o individuo 2 trocar de carro saiu R$3000 mais barato (10% do preço do novo) alem dos benefícios. E para o individuo 1, saiu R$3500 mais barato trocar de carro.
   No final das contas, as ruas ficaram mais seguras, empregos foram gerados, o fusca velho saiu de circulação e todo mundo ficou contente.
   De outra forma, imagine alguém que quer comprar um carro de R$40.000,00. A isenção nesse caso seria de R$14.000,00. Mesmo que ele não tenha um carro velho para trocar, vale a pena ele comprar um carro velho (com valor menor que os R$14mil) para entregar e ter os benefícios. De qualquer forma o carro velho estaria saindo das ruas para entrar um novo.
   A Europa adotou plano semelhante na época da crise em 2009 e os resultados foram muito bons em termos de aumento de vendas dos novos (e conseqüente saída dos velhinhos). E olha que na Europa não tinha tanto carro velho como temos por aqui! E era apenas um bônus de 1500 euros, cerca de 25% do preço do carro 0km mais barato deles na época. Ocorreram ainda diversas promoções da parte dos fabricantes para abocanhar esse mercado, então eram 1500 de bônus do governo mais até casos de 1500 de bônus pelo fabricante! Um Dacia Sandero caia de 8mil euros para 5mil euros! E isso em suaves prestações...

   E você? o que acha? Daria certo ou não?
Daniel Caldeira

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